Quanto
mais eu penso, mais me entristeço. Estamos vivendo em uma sociedade
extremamente individualista e hedonista em que os interesses das pessoas estão
cada vez mais egoístas. Os valores estão se perdendo e o próximo se transforma
em apenas um degrau para facilitar o alcance de seu objetivo.
Atualmente, o estudo serve para a conquista de uma bem remunerada profissão. Essa geração ainda possui
muitos indivíduos que procuram ingressar numa “carreira de seus sonhos”, mesmo
que não pague muito bem. Entretanto, todos buscam artifícios que possibilitarão
uma vida de conforto e prazer próprio. Até aí não existe nenhum erro tão grave,
a não ser o conformismo e o próprio individualismo.
É raro
encontrar alguém que sinceramente se importa com o coletivo. Enquanto houver
festa e bar aberto no final de semana, novela e jogo de futebol na televisão,
shopping e produtos sempre novos, internet com aquele mar de distrações, está
tudo bem. No seu mundinho está tudo bem. Bom, até alguém ou algo mexer nele.
Então, reclamam que foram assaltados, que seu bairro está alagado, que o
atendimento no hospital está difícil, que ônibus está lotado, que o político é
corrupto, reclamações, reclamações, reclamações. É muito fácil colocar a culpa
toda no governo.
Você
já parou para pensar no que você faz para evitar que essas coisas aconteçam?
Não existe nenhum super-herói que irá resolver todos os nossos problemas.
Principalmente os de cunho social e ambiental. Sinto lhe informar que os
culpados somos nós. Eu, você e toda a sociedade. Portanto, estamos todos
envolvidos e dependentes um do outro, diretamente.
Não
sei se estou sendo muito clara. Teoricamente, não tem nada de errado – só pessoas
vivendo conforme estão acostumadas socialmente. O que me incomoda é a
passividade. Ninguém faz nada e esse é o problema. A culpa dos problemas sociais e do meio-ambiente é acumulada e jogada
no governo. Realmente, o governo tem a função de nos promover a melhor
qualidade de vida, mas nem o mais perfeito Estado, se é que pode existir, iria
conseguir conquistar seu objetivo sem possuir envolvimento social.
Outro
fator que me incomoda é a hipocrisia que vem crescendo e se tornando algo
natural. Um exemplo disso acontece com estudantes e sei que ao utilizá-lo
estarei ofendendo grande parte deles. Todos devem conhecer pelo menos um colega
que se posiciona nos debates em sala de aula, falando que a justiça do nosso país
é falha, o quanto é absurdo o governo ser corrupto, o quanto que o Brasil não
presta e que ele nunca irá “pra frente”. Tudo bem, é a opinião dele. Mas o que
me irrita é que esse mesmo colega é aquele que cola nas provas, assim cometendo
injustiça prejudicando os outros colegas que não poderão levar aos professores
um efetivo teste de conhecimento, e colocam seu nome em trabalhos de grupo que
não fizeram, promovendo a corrupção na sua própria vida. Isso mostra que esse
estudante está sendo exatamente aquilo que ele critica, em menor escala.
Como
disse inicialmente, quanto mais penso nisso, mais me entristeço. Isso porque
tudo o que eu disse não é um problema do governo que pode ser resolvido com
novas leis ou novos incentivos. É um problema de cunho social que envolve caráter
e consciência de cada pessoa. E me diz uma coisa, como convencer uma pessoa de
que ela deve ter consciência política e social e mais do que isso, que ela deve
agir e pensar em prol da sociedade, para que ela mesma possa viver num mundo melhor? Se
você tentar isso, vão rir da sua cara e dizer que você está sonhando e
idealizando demais. Me desculpe, mas eu estou apenas tentando.
Por
Bela Pereira.