Na noite
desta sexta-feira, 15, morreu o Cabo da Polícia Militar Gladstone Alexandre
Soares Bernardo, de 39 anos, baleado na cabeça durante uma ação policial no
bairro Glória. De acordo com o
comandante do 34º Batalhão da PM, tenente-coronel Idzel Fagundes, o policial
participava de uma perseguição a dois homens que assaltaram uma casa e fugiram
em um veículo roubado no imóvel. Os criminosos abandonaram o carro e seguiram
fuga a pé. Entre os suspeitos estava um adolescente, que foi dominado
pelo cabo. Neste momento, o comparsa do menor, identificado como Marcelo
Sancler, de 21 anos, atirou contra a cabeça do militar. Os dois envolvidos
terminaram capturados. Segundo a PM, Marcelo cumpre pena por homicídio, mas
saiu da prisão recentemente beneficiado por decisão judicial. (dados
obtidos no Blog da Renata)
Depois
dizem que quem tem impunidade são os policiais... Um assassino estava solto,
beneficiado por decisão judicial, e cometeu mais um homicídio. Cadê os direitos
humanos, agora? Infelizmente, não tenho vídeo nem imagens do ocorrido. É claro,
o fato não interessou à mídia.
Deixo
aqui meus profundos sentimentos a todos os militares que agora, acabaram de
perder um irmão de profissão. Imagino a dor que sentem ao ver um companheiro de
farda, sangrando. Ao menos, o Cabo Gladstone morreu como um verdadeiro
guerreiro, com honra, na incansável busca pela segurança da sua comunidade.
Aproximadamente
nesse mesmo horário, estavam ocorrendo diversas reclamações da sociedade com
relação à instituição da polícia militar. Isso porque foi divulgado um vídeo
onde quatro companheiros estavam cumprindo normalmente a sua missão na Praça Sete.
Na gravação, os policiais acompanhavam um profissional da zoonose enquanto ele
retirava um cachorro de um morador de rua. Quem quiser acessar o vídeo, ele
está disponível no youtube com nome de “Amor partido na cidade proibida”.
Convenhamos: só pelo título podemos observar a visão dramático e
sensacionalista do divulgador. Não houve, por parte dos profissionais, nenhum
tipo de agressão, apenas imobilização e eles, com certeza, não estavam
exercendo essa atividade arbitrariamente, estavam a comando de alguma denúncia
ou alguma lei. Sem alteração.
Entretanto,
isso foi motivo para a sociedade criticar dizendo que a polícia é composta de
“filhos da puta”, adora abusar do poder e deveria prender bandidos ao invés de
animais. Também vi comentários em que pessoas diziam que “polícia fica
prendendo cachorro, que é muito mais fácil, ao invés de subir o morro”. Quanta
ignorância! Como defensora da instituição, fiquei muito indignada com o
tratamento com os policiais, mas fiquei ainda mais triste diante de uma
sociedade que insiste em fazer graves acusações e tomar partido de fatos sem
antes ter um conhecimento prévio do assunto. Ninguém sabia o real motivo dos
policias estarem levando o animal e ignoraram o fato de que eles estavam
cumprindo ordens.
Numa
discussão do assunto que participei, existiram alguns pontos que gostaria de
destacar. Posicionando-me, não agredi ninguém e apenas argumentei, utilizando
meu posto de cidadã, com o direito de expressar meu ponto de vista. Fui
insultada, julgada como alienada (sendo que muito estudo, buscando ter um amplo
conhecimento do que falo e procuro sempre ter a visão imparcial dos fatos antes
de tomar meu posicionamento) e ainda ameaçada, quando disse que a polícia agiu
de formar educada, sem agredir o morador de rua. A resposta que obtive foi: “Desde
quando a polícia foi educada? Chega mais aí, que vou te dar uma noção básica de
educação”. Depois de ser inundada com argumentos fundados apenas no emocional
do morador de rua e do cachorro, percebi que a minha participação era em vão,
diante de pessoas que só sabem transcrever pensamentos do senso comum e
alimentar discussões com palavras grosseiras insultando quem tem opinião
oposta. Triste, só isso que tenho a dizer. Realmente muito triste.
Vinculando
a morte de um cabo em serviço com um vídeo de um cachorro sendo confiscado,
espero ter exemplificado aquilo que insisto em defender. A nossa sociedade
continua focada em apelos da mídia, preferindo criticar a ação da polícia sem
ter um conhecimento prévio do que, de fato, considerar o que acontece no
cotidiano dos nossos policiais. Confesso que após esses fatos, senti uma imensa
dor e foi difícil ter ânimo para escrever. Questionei a minha esperança de
viver numa sociedade com visão amplificada e sem o subjulgamento sem
conhecimento do assunto. Parece um caso sem solução. Mas não vou parar, não
devemos desistir do nosso país. Se insisto em usar as mesmas expressões e em
manter meu posicionamento, mesmo com muita oposição, é porque acredito, sobretudo,
que ainda podemos viver num mundo melhor. Não quero ser utópica nem que a minha
opinião prevaleça, só quero que a justiça seja feita e que não aja mais
discriminação. Principalmente a discriminação dos policiais que estão,
literalmente, dando seu sangue nas ruas brasileiras e que devem ser
valorizados. Não julgue alguém que dá/arrisca a vida por você, ou então, apenas
pense e argumente antes de fazer isso.
Por Bela Pereira